sexta-feira, agosto 11, 2006

ASSIS CHATEAUBRIAND - O Polêmico Cidadão Kane Brasileiro


A história da imprensa brasileira pode ser dividida em duas fases: antes e depois de Assis Chateaubriand. Fundador dos Diários Associados, Chateaubriand construiu o maior conglomerado de empresas jornalísticas do País em pouco mais de duas décadas: 36 jornais, 19 tevês, 25 rádios, 18 revistas e duas agências de notícias.

Francisco de Assis Chateau-briand Bandeira de Mello nasceu a 5 de outubro de 1892, em Umbuzeiro, na Paraíba, divisa com Pernambuco. Filho de Francisco Chateaubriand Bandeira de Melo e Carmem Chateaubriand Bandeira de Melo.

Ingressou na Faculdade de Direito, em Recife, aos 15 anos de idade, num tempo em que já escrevia para o jornal "Pernambuco". Colaborando para vários jornais pernambucanos, inclusive assumindo posição de redator-chefe.

Em 1917, abriu uma banca de advocacia no Rio de Janeiro. Mas encaminhou-se rapidamente para o jornalismo, escrevendo para o "Jornal do Comércio" e "Correio da Manhã", além do "Jornal do Brasil", onde foi chefe de redação. Como comentarista internacional, Chateaubriand visitou vários países da Europa, o que lhe possibilitou a publicação, em 1921, do livro "Alemanha". Neste mesmo ano, demitiu-se do "Jornal do Brasil" e do "Correio da Manhã", para se dedicar à aquisição da sua primeira publicação, "O Jornal", comprado por 5.800 contos de réis. Seis meses depois, em 1924, comprava o "Diário da Noite", em São Paulo. Os dois foram o embrião dos Diários Associados. Mais tarde, fundaria outras empresas e adquiriria mais tantas outras em várias partes do Brasil. A televisão veio em 1950: a TV Tupi, de São Paulo, primeira emissora de tevê da América Latina.

Chatô ainda foi membro da Academia Brasileira de Letras e embaixador do Brasil na Inglaterra. Criou também o Museu de Arte de São Paulo (MASP), um dos mais importantes do mundo.
Sua biografia mais famosa, o livro "Chatô - O Rei do Brasil", escrito pelo jornalista Fernando Morais e editado pela Companhia das Letras, narra em mais de 700 páginas a vida de um dos brasileiros mais influentes do século XX, que chegou a ser considerado o "Cidadão Kane brasileiro". Para o autor da biografia, a marca mais forte de Chatô foi a "imprevisibilidade, o que o torna fascinante".

Chateaubriand morreu no dia 4 de abril de 1968, em São Paulo, depois de uma pertinaz doença a que ele resistiu por longos anos, continuando, mesmo paraplégico e impossibilitado de falar, a escrever seus artigos. E deixou exemplos que devem e que não devem ser seguidos. Sobre os bons exemplos temos dedicação e persistência ou coragem e ousadia; porém, outros exemplos devem ser evitados, como aqueles que afetam a ética. Chatô era assim: um homem paradoxal, mas que conseguiu, além de seus defeitos e qualidades, ser um empreendedor que trouxe resultados. Resultados esses que perduram até hoje como herança de um homem que resolveu agir e fazer acontecer.